quarta-feira, 18 de março de 2015

Memória Descritiva

Munari (1997), defende que a comunicação visual é “praticamente tudo o que os nossos olhos vêem”.

Os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos e o seu número é reduzido: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a escala, a dimensão e o movimento. São a matéria-prima de toda informação visual em termos de opções e combinações seletivas.” (Dondis, 1991)

A música que escolhemos, ao nível da letra, desperta-nos diversas sensações, falando da dicotomia luz/escuridão presente na vida do sujeito da canção, na medida em que se sente perdida na escuridão e, procura a luz que ilumine o caminho na sua vida. Remete para o medo do escuro e para uma luz que, tal como um faról, sempre nos guia.
Juntamente com a letra, a melodia, o ritmo e o vídeo vislumbram uma combinação de feixes de luz espalhados aleatoriamente, dando uma perspetiva de profundidade, bem como de movimento e de cor.

Assim sendo, tivemos a preocupação de incluir, nas nossas composições, cores que simbolizem vários sentimentos: as cores escuras, como o bordô/castanho escuro, que expressa o lado mais obscuro da canção e a partir do qual sobressaem as cores vivas, entre as quais o azul ( a cor do espírito e do pensamento), o amarelo (luminosidade e energia), o branco (equilíbrio e proteção), vermelho (cor quente, ativa e estimulante, transbordante de força de vontade, energia física e auto-estima/liderança), o verde limão (um aspeto mais vivo e ensolarado), o verde claro (contentamento e esperança) e o laranja (otimismo, movimento, espontaneidade e entusiasmo). Isto tudo conjugado na nossa composição visual quadrangular.

Ainda na mesma composição, procurámos utilizar diversos elementos básicos da comunicação visual, nomeadamente o ponto (percetível nas bolas de luz – atração visual); a linha (visível nos feixes luminosos, exprimindo uma fluidez emocional e um ritmo próprio); a forma nos mesmos elementos; a direção, presente nos feixes horizontais e verticais (“necessidade de equilíbrio”); a cor e a sua expressividade referida anteriormente; as dimensões de cada elemento quer variam entre si, de modo a a produzir diferentes sensações perante a realidade; e a ideia de movimento criada pelos componentes da imagem, recorrendo ao “uso da perspetiva e luz/sombra intensificadas”, distorcendo a realidade. Tudo isto expressa os diferentes estados de espírito da cantora, oscilando entre a luminosidade/vivacidade e melancolia.

Além disso, usámos ainda técnicas de comunicação visual como a instabilidade para criar a ideia de movimento e de inquietação; a complexidade, remetendo para a desorganização da vida da cantora; a espontaneidade, também associada ao movimento e à impulsividade desejada pela mesma cantora, ilustrada na forma liberta como os componentes se encontram na compsição; a atividade, igualmente associada ao movimento, presente nos feixes de luz; o ênfase, atribuído a toda a luz emanada a partir do escuro; a profundidade, concebida pelos diferentes tamanhos dos focos luminosos, parecendo uns a maior distância que os outros;  o acaso, expresso pela desorganização intencional dos elementos, na tentativa de alcançar a liberdade de pensamento.

No que concerne, à composição circular, quisemos dar ênfase à oposição entre a luminosidade e a obscuridade retratada na música. Deste modo, a nossa composição consiste num feixe de luz amarela, simbolicamente representando o iluminar do caminho, dividindo os dois pólos antagónicos referidos no início do parágrafo.
De um lado, deparamo-nos com o vermelho ou vermelho quente, representativo da força de vontade e da energia, contrastando com o seu lado oposto, no qual se salienta o vermelho escuro, símbolo de fraqueza, angústia, depressão e falta de vontade e auto-estima. Esta analogia enquadra-se perfeitamente no conteúdo da música analisada, na medida em que a intérprete procura alcançar o lado iluminado, deixando de parte a “escuridão”.

Quanto aos elementos básicos da comunicação visual utilizados, nesta precisa composição, recorremos ao uso do ponto (foco de luz central), o qual remete para o tal “farol”; a linha, servindo de divisória entre as duas metades; a forma, que permite a existência do “farol” e da base na qual a imagem se assenta; o tom e a cor, presentes na dicotomia em questão, opondo-se o claro e o escuro, criando o significado pretendido na própria imagem; e a textura, imensamente presente na própria composição.


Já no que diz respeito às técnicas, a mais visível é a simetria/assimetria, realçando o antagonismo já mencionado; aliada à justaposição, criando-se a comparação entre as duas metades, denotando-se, claramente a oposição e as caraterísticas divergentes apresentadas por cada uma das faces constituintes do todo; simplicidade, patente na uniformidade transmitida pela forma do todo;  também a unidade, consguida através da junção dos elementos , formando uma totalidade; a planura, de modo a focar no que é mais relevante na imagem, pois a ausência da profundidade é usada de modo a não evidenciar um único elemento, mas sim o todo; e a difusão, manifestada pelos sentimentos distintos fornecidos pelo calor incandescente da cor vermelha, os quais advêm da simplicidade e objetividade subjacente à imagem.


Referências bibliográficas:

DONDIS, D. A., A Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
Munari, B., Design e Comunicação Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
http://www.significadocores.com

Sem comentários:

Enviar um comentário