quarta-feira, 18 de março de 2015

Elementos Básicos da Comunicação Visual (2)

O tom:

O tom apresenta-se como um elemento capaz de expressar diferentes tonalidades e de maneiras distintas. A forma como a perceção e captação das diferentes tonalidades é feita por parte do observador, varia de pessoa para pessoa, não sendo o tom, portanto, um elemento fixo e homogéneo, sendo possível expressar diferentes gradações, tendo por base o elemento principal alterador das diversas gradações, a tonalidade da cor, que varia consoante as diferentes circunstânceas e gradações. Este facto é defendido e justificado por Dondis (1991) da seguinte forma: “as variações de luz ou de tom são os meios pelos quais distinguimos oticamente a complexidade da informação visual do ambiente. Por outras palavras, vemos o que é escuro porque está próximo ou se sobrepõe ao claro, e vice-versa”.

A cor:

Um elemento preponderante, devido à expressividade e emoção que consegue atribuir a um objeto. A cor tem a capacidade de alterar a forma como um objeto pode ser interpretado, influenciando assim a forma como o observador se comporta. Cores distintas retratam signficados variados e um alfabetismo próprio subjacente a cada uma delas. A mesma possui três dimensões: a matiz ou croma (amarelo, vermelho e azul como os três matizes primários), a saturação (a pureza relativa de um cor) e a acromática (o brilho relativo, como por exemplo do claro ao escuro).  Assim, Dondis (1991) corrobora o já explicado, afirmando que “a cor está impregnada de informação e é uma das mais penetrantes experiências visuais que temos todos em comum”.

A textura:

A textura, na maioria das vezes serve para substituir sentidos como o tacto e a visão, podendo estes fazer-se sentir quer simultaneamente quer isoladamente. Estes sentidos permitem analisar de uma forma mais assertiva o próprio objeto, através do foco na matéria e forma do mesmo. A textura funciona como revestimento de um objeto, possibilitando a perceção de experiências visuais únicas, as quais não seriam possíveis com a ausência da textura. Inclusive, segundo Dondis (1991), “onde há uma textura real, as qualidades táteis e óticas coexistem, não como tom e cor, que são unificados num valor comparável e uniforme, mas de uma forma única e específica, que permite à mão e ao olho uma sensação individual”.

A Escala:

É o processo no qual os elementos visuais se modificam e se definem uns aos outros. No processo, tanto a cor é brilhante ou apagada, dependendo da justaposição, como os valores tonais passam por constantes e significativas modificações visuais. Neste processo, o grande não pode existir sem o pequeno. A escala estabelece-se tanto através do tamanho relativo das pistas visuais, como das relações das mesmas com o campo ou com o ambiente, estando, no entanto, neste processo, sujeitas a muitas variáveis modificadoras.

A Dimensão:

É um elemento que depende da ilusão de forma a criar dimensão em formatos visuais bidimensionais. A dimensão existe no mundo real. Através da nossa visão binocular conseguimos vê-la, além de podermos senti-la. Pelo contrário, a dimensão é implícita aquando de representações bidimensionais ilustradas em meios como o desenho, a pintura, a fotografia ou a televisão. Essa dimensão implícita é conseguida através da ilusão, resultante de uma convenção técnica da perspetiva. Essa mesma perspetiva recorre à linha de modo a criar efeitos propositados, que produzam uma sensação “falsa” de realidade. Na perspetiva de Dondis (1991), “Apesar da nossa experiência humana total estabelecer-se num mundo dimensional, tendemos a conceber a visualização em termos de uma criação de marcas, ignorando os problemas especiais da questão visual que nos são colocados pela dimensão”.

O Movimento:

O movimento, tal como a dimensão, encontra-se mais vezes implícito do que explícito no modo visual. Considerada como uma das forças mais presentes e de maior relevo da experiência humana, o movimento faz com que a ilusão da textura ou da dimensão pareçam reais, através do “uso da perspetiva e luz e sombra intensificadas”.  O movimento distorce a realidade, mas está implícita “ em tudo aquilo que vemos, e deriva de nossa experiência completa de movimento na vida. Em parte, essa ação implícita se projeta, tanto psicológica quanto cinestesicamente, na informação visual estática”. O movimento, porém, “ não se encontra no meio de comunicação, mas no olho do espetador, através do fenómeno fisiológico da “persistência da visão””, tal como defende Dondis (1991). Portanto, o movimento atua no observador com uma dinâmica própria e única, que leva à sensação de movimento causada em quem observa.



Referências bibliográficas:

DONDIS, D. A., A Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

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