quarta-feira, 18 de março de 2015

Técnicas de Comunicação Visual

Através da utilização das técnicas de comunicação visual, cada artista dispõe de uma grande diversidade de meios para exprimir informação através da imagem, podendo estas mesmas imagens ser alvo de diversas interpretações por parte de quem observa, devido, precisamente, à sua polaridade de sentidos passíveis de compreensão.
Tal como afirma Donis A. Dondis (1991), "seria impossível enumerar todas as técnicas disponíveis, ou, se o fizéssemos, dar-lhes definições consistentes (...) a interpretação pessoal constitui um importante fator."

Equilíbrio/Instabilidade:



O equilíbrio revela-se como sendo o elemento mais determinante ao nível das técnicas visuais, logo após o contraste. Segundo Dondis (1991), este elemento consiste numa "estratégia de design em que existe um centro de suspensão a meio caminho entre dois pesos". Este centro será o local exato onde é atingido o equilíbrio fundamental nas composições visuais. Por outro lado, a instabilidade remete para "a ausência de equilíbrio e uma formulação visual extremamente inquietante e provocadora.

Simetria/Assimetria:



Temos aqui duas métodos opostos para obter o equilíbrio tão desejado. Enquanto que a simetria consiste numa repartição do objetoem partes iguais, onde "cada unidade situada de um lado de uma linha central é rigorosamente repetida do outro lado" (Dondis, 1991), a assimetria consiste numa espécie de "equilíbrio precário". Não é, portanto, fácil conciliar estes dois aspetos e alcançar o equilíbrio.

Regularidade/Irregularidade:


Para Dondis (1991), a regularidade "constitui o favorecimento da uniformidade dos elementos, e o desenvolvimento de uma ordem baseada em algum princípio ou método constante e invariável". Pelo contrário, a irregularidade "enfatiza o inesperado e o insólito, sem ajustar-se a nenhum plano decifrável".


Simplicidade/Complexidade:




A simplicidade de qualquer composição visual é conseguida através da ordenação, uma técnica que, para Dondis (1991), "envolve a imediatez e a uniformidade da forma elementar, livre de complicações ou elaborações secundárias". A complexidade, por sua vez, "compreende uma complexidade visual constituída por inúmeras unidades e forças elementares", o que torna bem mais difícil a organização dos significados das composições.


Unidade/Fragmentação:





No seguimento da Simplicidade/Complexidade, Dondis (1991) afirma que a unidade "é um equilíbrio adequado de elementos diversos em uma totalidade que se percebe visualmente". A fragmentação remete para a "decomposição dos elementos e unidades de um design em partes separadas, que se relacionam entre si mas conservam seu caráter individual".

Economia/Profusão:




Para Dondis (1991), " a economia é uma organização visual parcimoniosa e sensata em sua utilização dos elementos. Quanto à profusão, "é carregada em direção a acréscimos discursivos infinitamente detalhados a um design básico, os quais, em termos ideais, atenuam e embelezam através da ornamentação".

Minimização/Exagero:



Numa dicotomia equivalente à anterior, a minimização, para Dondis (1991), "a minimização é uma abordagem muito abrandada" e procura utlizar elementos básicos para despertar o interesse do observador. Por outro lado, o exagero assenta em si mesmo, isto é, cria as suas composições em torno da exceessividade para acentuar o significado das mesmas.

Previsibilidade/Espontaneidade:


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A previsibilidade é a técnica visual marcada pela extrema organização e convencionalidade. A espontaneidade, segundo Dondis (1991), "caracteriza-se por uma falta aparente de planejamento. É uma técnica saturada de emoção, impulsiva e livre".


Atividade/Estase:








Com o uso da atividade, o artista procura expressar uma ideia marcada pelo movimento, criando um contraste claro com o estase, marcado por uma composição estática, a qual transmite uma ideia de equilíbrio.

Sutileza/Ousadia:



A sutileza é a técnica utilizada com o intuito de apurar os nossos sentidos de interpretação, fugindo à obviedade. A ousadia remete para uma utilização por parte do artista, munido de audácia, segurança e confiança, procurando obter a máxima visibilidade.


Neutralidade/Ênfase:


Para Dondis (1991), a “configuração menos provocadora de uma manifestação visual pode ser o procedimento mais eficaz para vencer a resistência do observador". O ênfase "realça apenas uma coisa contra um fundo em que predomina a uniformidade".


Transparência/Opacidade:



Segundo Dondis (1991), a transparência “envolve detalhes visuais através dos quais se pode ver, de tal modo que o que lhes fica atrás também nos é revelado aos olhos”. A opacidade, pelo contrário, é " o bloqueio total, o ocultamento, dos elementos que são visualmente substituídos".


Estabilidade/Variação:



Mais uma vez assentamos na organização e no movimento dos elementos da composição visual. Para Dondis (1991), a estabilidade "é a técnica que expressa a compatibilidade visual e desenvolve uma composição dominada por uma abordagem temática uniforme e coerente". A variação "oferece diversidade e movimento".


Exatidão/Distorção:



Com o uso da exatidão procura-se a representação do real, visível aos olhos do ser humano. A distorção, ao desconstruir a realidade, procura desviar-se da forma regular e convencional.


Planura/Profundidade:





Esta técnica assenta em redor do uso da perspetiva, com o artista a colocar os elementos em posições que expressem uma ideia de distância ou proximidade do observador, através, também, de efeitos de luz/sombra.

Singularidade/Justaposição:



No caso da primeira, para Dondis (1991), "equivale a focalizar, numa composiçaõ visual, um tema isolado e independente", sem a presença de outros estímulos visuais. No caso da segunda, cria-se uma comparação entre conteúdos, ao nível das relações que estabelecem entre si.


Sequencialidade/Acaso:




Aqui estamos perante, uma vez mais, o aspeto da organização dos conteúdos da composição. O artista pode optar, nas suas obras, por uma colocação dos elementos de forma sequencial, criando-se uma lógica/padrão. Pode, também, no entanto, optar pela colocação aleatória dos elementos, sugerindo a desorganização e o movimento.


Agudeza/Difusão:




Enquanto que a agudeza se liga à ideia de clareza de expressão, a difusão remete para uma suavidade e imprecição das expressões visuais.

Repetição/Episocidade:



Para Dondis (1991), a repetição "corresponde às conexões visuais ininterruptas que têm importância especial em qualquer manifestação visual unificada”. Muito usada ao nível das artes, não se fica pela distância entre pontos dispersos mas si pela força que os une numa ideia global. A episocidade, expressando a desconecção entre elementos frágeis, "reforça a qualidade individual das partes do todo, sem abandonar por completo o significado maior".





Referências bibliográficas:

DONDIS, D. A., A Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991.


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