No que concerne aos elementos básicos da comunicação visual,
os mesmos são peças indispensáveis em qualquer coisa projetada e percecionada
pelos nossos olhos. Não sendo elementos notórios à vista desarmada e sem
qualquer concentração e foco aparentes, os mesmos elementos enquadram-se e
fazem-se representar em qualquer substância visual captada e analisada pelos
nossos olhos. Sendo os elementos caraterizados como substâncias básicas, estes
dividem-se em: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a
escala e o movimento.
Apesar de se agruparem num número substanciamente reduzido,
cada um dos elementos é preponderante para o resultado final que advém da
ligação e do todo que é formado pelos elementos supra-citados.
Tal como é explicado por Donis A. Dondis (1991), “são muitos os
pontos de vista a partir dos quais podemos analisar qualquer obra visual; um
dos mais reveladores é decompô-lo em seus elementos constitutivos, para melhor
compreendermos o todo”, sendo o todo
“formado por partes interatuantes, que podem ser isoladas e vistas como
inteiramente independentes”, sendo cada uma das características dos elementos
independentes, fulcrais para a coesão da unidade e do objeto final que se
forma.
Portanto, os elementos visuais, apesar da sua simplicidade,
podem ser utilizados para conferirem complexidade e resultarem num objeto ou numa forma elaborada e
complementar.
Igualmente, a própria construção menos elementar leva a uma
maior necessidade de compreensão mais profunda do que é visto por parte de quem
observa o objeto, possibilitando que o próprio tenha diferentes interpretações
do que por ele é vislumbrado, sendo necessário, segundo Dondis, “ analisar e
compreender a estrutura total de uma linguagem visual, é conveniente
concentrar-se nos elementos visuais individuais, um por um, para um
conhecimento mais aprofundado de suas qualidades específicas.
Assim sendo, trataremos de explicar, nos seguintes
paragráfos, cada um dos elementos básicos subjacentes à comunicação visual, de
modo a que haja uma melhor compreensão da relevância dos mesmos e da sua
representatividade nos objetos/obras que existem.
O ponto:
É a unidade da comunicação visual mais básica bem como a
representação mínima. Do ponto de vista de Dondis(1991), o “ponto tem grande poder de
atração visual sobre o olho, exista ele naturalmente ou tenha sido colocado
pelo homem em resposta a um objetivo qualquer”.
Além disso, o número de pontos usados aumenta proporcionalmente à
complexidade das medidas necessárias à execução de um projeto visual. Ligados
entre si, os pontos podem criar uma ilusão de tom ou de cor. Esse fenómeno,
denominado como fenómeno percetivo da fusão visual, foi analisado por Seurat (1859-1891),
conhecido pela sua doutrina Pontilhista, na qual era estudada a forma como o
ponto permitia “processos de fusão, contraste e organização, que se
concretizavam nos olhos do espetador”. Através das pesquisas levadas a cabo por
Seurat (1859-1891), foi também possível antecipar o processo de quadricomia a meio-tom.
Isto levou à constatação de que “ a
capacidade única que uma série de pontos tem de conduzir o olhar é
intensificada pela maior proximidade dos pontos”.
A linha:
É a definição da aglomeração de pontos, os quais devido à sua
grande proximidade entre si impossibilitam a distinção dos próprios, levando a
formação de um novo elemento designado por linha. A linha confere uma dose de
energia, muito devido à sensação de movimento que fornece, nunca estando numa
posição estática, e sim em movimentos diferenciados, alterando a sua direção,
de modo a denotar-se uma maior fluidez relacionada com a flexibilidade possível
de ser evidenciada na linha. Assim sendo, a linha sobressai quer pela liberdade
e abrangência de experimentação que possibilita, quer pela rigidez e precisão
que atribui a certas representações visuais. Na arte, a linha é elemento
crucial no desenho, graças às diversas formas que assume e o tónico expressivo
de emoções e ritmo que acrescenta ao objeto visual.
A forma:
A forma está diretamente relacionada com a linha. Aliás,
Dondis (1991) afirma que “ a linha descreve a forma (...), a linha articula a
complexidade da forma.” Nas formas básicas, é possível enumerar-se o quadrado,
o círculo e o triângulo equilátero, caraterizando-se como figuras planas e
simples, podendo ser descritas e construídas visual e verbalmente. No entanto,
cada uma delas distingue-se das outras devido às caraterísticas que apresentam,
nomeadamente, “ao quadrado se associam enfado, honestidade, retidão e esmero;
ao triângulo, ação, conflito, tensão; ao círculo, infinitude, calidez, proteção”. A partir destas três figuras, é possível
criarem-se novas figuras através de diferentes junções das já referidas,
derivando-se “todas as formas físicas da natireza e da imaginação humana”.
A direção:
A direção está, também, ligada às caraterísticas da forma,
existindo, conforme defende Dondis (1991), três direções visuais básicas e
significativas, as quais são expressas pelas formas básicas. Elas são: “o
quadrado, a horizontal e a vertical; o triângulo, a diagonal; o círculo, a
curva.” Estas, retratadas nas diversas composições visuais existentes,
simbolizam a relação entre o organismo humano e o meio ambiente, remetendo a
“referência horizantal-vertical” para a “necessidade de equilíbrio”, a “direção
diagonal tem referência direta com a ideia de estabilidade”, sendo o “seu
significado ameaçador e quase literalmente perturbador”, e as “ forças
direcionais curvas têm significados associados à abrangência, à repetição e à
calidez”. Assim, cada uma das forças direcionais confere diferentes
significados e intenções ao objeto no qual estão representadas, existindo uma
“intenção compositiva” própria.
Referências bibliográficas:
- DONDIS, D. A., A Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
Referências bibliográficas:
- DONDIS, D. A., A Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
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