segunda-feira, 16 de março de 2015

Elementos Básicos da Comunicação Visual (1)

No que concerne aos elementos básicos da comunicação visual, os mesmos são peças indispensáveis em qualquer coisa projetada e percecionada pelos nossos olhos. Não sendo elementos notórios à vista desarmada e sem qualquer concentração e foco aparentes, os mesmos elementos enquadram-se e fazem-se representar em qualquer substância visual captada e analisada pelos nossos olhos. Sendo os elementos caraterizados como substâncias básicas, estes dividem-se em: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a escala e o movimento.
Apesar de se agruparem num número substanciamente reduzido, cada um dos elementos é preponderante para o resultado final que advém da ligação e do todo que é formado pelos elementos supra-citados.
Tal como é explicado por Donis A. Dondis (1991), “são muitos os pontos de vista a partir dos quais podemos analisar qualquer obra visual; um dos mais reveladores é decompô-lo em seus elementos constitutivos, para melhor compreendermos o todo”, sendo o  todo “formado por partes interatuantes, que podem ser isoladas e vistas como inteiramente independentes”, sendo cada uma das características dos elementos independentes, fulcrais para a coesão da unidade e do objeto final que se forma.
Portanto, os elementos visuais, apesar da sua simplicidade, podem ser utilizados para conferirem complexidade e resultarem  num objeto ou numa forma elaborada e complementar.
Igualmente, a própria construção menos elementar leva a uma maior necessidade de compreensão mais profunda do que é visto por parte de quem observa o objeto, possibilitando que o próprio tenha diferentes interpretações do que por ele é vislumbrado, sendo necessário, segundo Dondis, “ analisar e compreender a estrutura total de uma linguagem visual, é conveniente concentrar-se nos elementos visuais individuais, um por um, para um conhecimento mais aprofundado de suas qualidades específicas.
Assim sendo, trataremos de explicar, nos seguintes paragráfos, cada um dos elementos básicos subjacentes à comunicação visual, de modo a que haja uma melhor compreensão da relevância dos mesmos e da sua representatividade nos objetos/obras que existem.

O ponto:

É a unidade da comunicação visual mais básica bem como a representação mínima. Do ponto de vista de Dondis(1991), o “ponto tem grande poder de atração visual sobre o olho, exista ele naturalmente ou tenha sido colocado pelo homem em resposta a um objetivo qualquer”.  Além disso, o número de pontos usados aumenta proporcionalmente à complexidade das medidas necessárias à execução de um projeto visual. Ligados entre si, os pontos podem criar uma ilusão de tom ou de cor. Esse fenómeno, denominado como fenómeno percetivo da fusão visual, foi analisado por Seurat (1859-1891), conhecido pela sua doutrina Pontilhista, na qual era estudada a forma como o ponto permitia “processos de fusão, contraste e organização, que se concretizavam nos olhos do espetador”. Através das pesquisas levadas a cabo por Seurat (1859-1891), foi também possível antecipar o processo de quadricomia a meio-tom. Isto levou à constatação de que “  a capacidade única que uma série de pontos tem de conduzir o olhar é intensificada pela maior proximidade dos pontos”.

A linha:

É a definição da aglomeração de pontos, os quais devido à sua grande proximidade entre si impossibilitam a distinção dos próprios, levando a formação de um novo elemento designado por linha. A linha confere uma dose de energia, muito devido à sensação de movimento que fornece, nunca estando numa posição estática, e sim em movimentos diferenciados, alterando a sua direção, de modo a denotar-se uma maior fluidez relacionada com a flexibilidade possível de ser evidenciada na linha. Assim sendo, a linha sobressai quer pela liberdade e abrangência de experimentação que possibilita, quer pela rigidez e precisão que atribui a certas representações visuais. Na arte, a linha é elemento crucial no desenho, graças às diversas formas que assume e o tónico expressivo de emoções e ritmo que acrescenta ao objeto visual.

A forma:

A forma está diretamente relacionada com a linha. Aliás, Dondis (1991) afirma que “ a linha descreve a forma (...), a linha articula a complexidade da forma.” Nas formas básicas, é possível enumerar-se o quadrado, o círculo e o triângulo equilátero, caraterizando-se como figuras planas e simples, podendo ser descritas e construídas visual e verbalmente. No entanto, cada uma delas distingue-se das outras devido às caraterísticas que apresentam, nomeadamente, “ao quadrado se associam enfado, honestidade, retidão e esmero; ao triângulo, ação, conflito, tensão; ao círculo, infinitude, calidez, proteção”.  A partir destas três figuras, é possível criarem-se novas figuras através de diferentes junções das já referidas, derivando-se “todas as formas físicas da natireza e da imaginação humana”.

A direção:

A direção está, também, ligada às caraterísticas da forma, existindo, conforme defende Dondis (1991), três direções visuais básicas e significativas, as quais são expressas pelas formas básicas. Elas são: “o quadrado, a horizontal e a vertical; o triângulo, a diagonal; o círculo, a curva.” Estas, retratadas nas diversas composições visuais existentes, simbolizam a relação entre o organismo humano e o meio ambiente, remetendo a “referência horizantal-vertical” para a “necessidade de equilíbrio”, a “direção diagonal tem referência direta com a ideia de estabilidade”, sendo o “seu significado ameaçador e quase literalmente perturbador”, e as “ forças direcionais curvas têm significados associados à abrangência, à repetição e à calidez”. Assim, cada uma das forças direcionais confere diferentes significados e intenções ao objeto no qual estão representadas, existindo uma “intenção compositiva” própria.



Referências bibliográficas:

DONDIS, D. A., A Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991.


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